terça-feira, dezembro 3, 2024
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    ‘O Aprendiz’ Mostra a Ascensão de Donald Trump Como Supervilão em Cinebiografia Provocativa

    Filme “O Aprendiz” estrelado por Sebastian Stan retrata a história de Trump com tom perturbador e provoca fãs e críticos do ex-presidente

    O filme “O Aprendiz”, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (17), aborda a ascensão de Donald Trump como empresário nas décadas de 1970 e 1980, mas sob uma ótica bem diferente da habitual.

    A produção, estrelada por Sebastian Stan, conhecido por seu papel como Soldado Invernal nos filmes da Marvel, narra a trajetória de Trump como se fosse a origem de um supervilão. Longe de ser uma cinebiografia tradicional, a obra pinta o ex-presidente americano como uma figura monstruosa e perturbadora.

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    Dirigido pelo cineasta iraniano Ali Abbasi, que já concorreu à Palma de Ouro em Cannes com o filme Holy Spider, “O Aprendiz” opta por uma abordagem visual que remete aos anos 1980, com um tom granulado, uma trilha sonora exagerada e uma estética de produção de baixo orçamento.

    O roteirista Gabriel Sherman, conhecido por sua biografia do controverso Roger Ailes, também contribui para a construção desse retrato incomum de Trump. A principal intenção, segundo os realizadores, não é fazer uma análise objetiva da vida de Trump, mas sim provocar o público, algo que o próprio empresário-que-virou-político sempre fez questão de fazer.

    Durante suas duas horas de duração, o filme apresenta uma estrutura narrativa que nem sempre se sustenta. Com longas pausas e um ritmo lento, especialmente nas cenas sem o sempre impressionante Jeremy Strong, a produção oscila em sua capacidade de prender a atenção do espectador. No entanto, “O Aprendiz” atinge seu objetivo principal: incomodar e provocar reflexões.

    O poder da mentoria e a queda No enredo, Jeremy Strong, vencedor do Emmy por seu papel em Succession, interpreta Roy Cohn (1927-1986), um advogado poderoso e inescrupuloso que atua como mentor de um jovem Donald Trump.

    O Aprendiz

    A relação entre os dois é um dos pontos centrais do filme, onde o diretor explora a dinâmica entre mestre e pupilo em um ambiente de traição, ambição e impunidade. Cohn, que também foi conselheiro de figuras políticas polêmicas, como o senador Joseph McCarthy, ensina a Trump os caminhos para navegar o mundo dos negócios de forma implacável e sem escrúpulos.

    Essa cumplicidade entre Cohn e Trump é o coração do filme. É ali que o público testemunha o crescimento do empresário e como ele se torna cada vez mais audacioso em suas ações. As atuações conseguem evitar cair no clichê das imitações fáceis, mantendo o limite entre o drama e a caricatura.

    Porém, quando Trump finalmente supera seu mentor, o filme perde um pouco de seu fôlego. A ausência de Cohn deixa uma lacuna, e a narrativa parece se arrastar, deixando a sensação de que o desfecho nunca vai chegar.

    Uma crítica ao capitalismo e ao ‘sonho americano’ “O Aprendiz” oferece um olhar crítico sobre o capitalismo americano e o chamado “sonho americano”, explorando a ascensão de Trump como um reflexo das falhas desse sistema.

    As desventuras criminosas de Trump e Cohn são retratadas como inerentes ao próprio modelo capitalista, em que o sucesso muitas vezes vem à custa da ética e da honestidade. É quase como assistir a um jogo de cartas marcadas, onde os vilões celebram sua “genialidade” ao trapacear, enquanto o público assiste impotente.

    A polêmica Sem surpresa, essa versão de Trump retratada em “O Aprendiz” tem tudo para incomodar seus apoiadores. A figura que emerge na tela é patética, manipuladora e, no final, um criminoso confesso, sem qualquer redenção ou redenção possível.

    A obra também contém uma polêmica cena em que o protagonista estupra sua primeira esposa, interpretada por Maria Bakalova, o que gerou críticas antes mesmo do lançamento oficial.

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    Essa cena, considerada infame por muitos, somada ao timing do lançamento, que ocorre durante uma das corridas presidenciais mais acirradas da história dos Estados Unidos, levanta questionamentos sobre as intenções do filme. Mesmo assim, “O Aprendiz” parece mais interessado em provocar desconforto do que em atingir qualquer objetivo político específico.

    A própria megalomania de Trump, refletida no filme, parece servir como inspiração para a produção, que se propõe a ser o maior incômodo do ano – ou, pelo menos, o mais comentado.

    Conclusão “O Aprendiz” é um filme provocador que divide opiniões. Com sua estética perturbadora e um enredo que retrata Trump como um supervilão em ascensão, a produção desafia as expectativas de uma cinebiografia tradicional.

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    Embora o filme “O Aprendiz” tenha suas falhas, como o ritmo lento e alguns momentos arrastados, ele consegue deixar uma marca ao provocar tanto seus críticos quanto os fãs do ex-presidente. Ao final, a sensação que permanece é a de um incômodo deliberado, algo que Trump certamente aprovaria – ao menos na forma de provocação.

    Com “O Aprendiz”, Abbasi e Sherman entregam uma obra que dificilmente passará despercebida, trazendo à tona um debate sobre poder, ambição e as consequências da impunidade na sociedade contemporânea.

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